
Ah... L’amour... Quem não sonha com um romance de cinema? Daqueles que fazem a gente suspirar? Na minha adolescência, meu sonho era ter uma história de amor igual a dos personagens Edward Lewis e Vivian Ward, em “Uma linda mulher”. Isso até eu começar a imaginar qual seria o desfecho do casal apaixonado na vida real. A prostituta pobre é salva pelo seu príncipe encantado em seu cavalo branco, ou melhor, em sua limusine, e é presenteada com um cartão de créditos sem limites. Até aí, ok! Depois de casados e devidamente instalados em alguma cobertura na 5th avenue, Vivian começa a sentir o peso de ser esposa de um alto executivo: o marido sempre chega de madrugada em casa, bebe demais, quase não tem tempo para a companheira, a não ser que queira exibi-la em alguma corrida de cavalos, viaja quase todos os fins de semana “a negócios” e passa a reclamar da quantia que a mulherzinha gasta. Além disso, a ex-prostituta já não trepa em cima de um piano e nem troca carícias com o marido depois de beber Velvet Clicquot e degustar alguns morangos. Percebendo essa realidade cruel, quase kafkaniana, idéias começam a corroer a cabeça de Vivian, agora devidamente emoldurada por cabelos tingidos na cor Platinum-blonde. Ela relembra seu tempo de prostituta e começa a sentir saudades da esbórnia. Veste o seu longo mink por cima de uma lingerie preta da Victoria Secrets e vai até a estação de metrô mais próxima. Chegando lá, Vivian retoca o batom shiseido e vai a caça dentro do primeiro vagão que para a sua frente. Esse mesmo ritual volta a se repetir duas vezes por semana, mas ao contrário do que acontecia em sua vida antes de ser casada com Edward, dessa vez quem paga é Vivian. Depois que fode em alguma espelunca com o primeiro desconhecido que encontra no metrô, Vivian veste seu mink, joga algumas notas em cima da cama e diz: GET A SANDWICH FOR YOU! Meio Nelson Rodrigues não acha?! Ahhhh... Eu sou tão romântico!
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