
Aos 23 anos, eu consumo remédio controlado para ansiedade, tenho rugas, como, bebo e fumo compulsivamente. O que me assusta é ver que a minha mãe, aos 45 anos, não tem nenhum desses problemas. Por que será? Existe alguma explicação? Não sou nenhum especialista em questões sociais, mas tenho quase certeza que sou assim por conseqüência da época em que vivo, sou fruto da geração Prozac!
Assim como eu, vários contemporâneos consomem medicamentos de tarja preta e gastam um tempo oneroso de suas jovens vidas em divãs de analistas. Pelo que pude perceber, suas angústias são basicamente as mesmas das quais sofro. São várias instituições nos cobrando, impondo e exigindo um futuro brilhante. A família nos suplica pela realização de suas frustrações, a sociedade estabelece um status o qual devemos alcançar, a igreja critica nossas atitudes e a mídia confunde nossa mente com um turbilhão de informações.
Por isso, convalescemos de hipocondria midiática, consumimos o útil e o inútil. Só que essa overdose de palavras, sons e imagens, geralmente nos torna burros, fracos e alienados. Uma antítese do que realmente devemos ser: fortes, safos e inteligentes. E, decorando esse cenário de contradições e necessidades, tem um mundo altamente capitalista no qual somos obrigados a viver. Você tem que ter, tem que ir, tem que ser... Ser alguém se tornou mais importante do que respirar.
Noites de insônia, instinto competitivo, calafrios, taquicardias, vícios, enfim... Todas essas mazelas dividem espaço com nossos sonhos. Sonhos? Ainda existem ou foram substituídos por obrigações? Os pés precisam estar no chão, voar só se for para chegar mais alto. Nada de fantasias, guarde seus devaneios para seu psiquiatra. Foi-se o tempo de viver a juventude intensamente, como se cada dia custasse uma fortuna. Agora, enquanto jovem, você tem que aprender, construir, crescer e crescer, para assim usufruir de um belo futuro.
Mas, será que desse jeito teremos condições de aproveitar o futuro quando este chegar? Ou será que estaremos ocupados demais ganhando dinheiro e esquecendo quem somos? Não estou pregando nenhuma política anti-capitalista, longe de mim... Queria apenas encontrar o equilíbrio entre o prazer e o dever, o que me parece bastante inacessível no momento. Ganhar dinheiro é bom, vencer na vida melhor ainda! E ser feliz? Sobra espaço? Enquanto você busca incessantemente pela felicidade acaba esquecendo de ser feliz. Hoje! Agora! Neste exato momento...
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