
Ando em crise existencial... E como acho extremamente chato falar sobre as minhas lamúrias, tanto para mim como para você, vou publicar mais um trecho do meu best-seller. Prometo voltar à rotina deste blog, assim que sentir disposição para tal.
"(...)Escuto o barulho da porta batendo, lá se vai a Mari mais uma vez, nem parece que mora comigo. Às vezes, levo um susto quando me deparo com ela zanzando pela casa, ou quando escuto algum barulho no quarto ao lado. Ah, desculpa! Como eu sou mal educada... Deixa eu lhe apresentar a Mari: Ela divide apartamento comigo desde que eu vim para São Paulo, isso há uns quatro anos trás. Não, eu não morei sempre aqui, mas isso depois eu explico, voltemos a Mari... Quando passei no vestibular para jornalismo, precisava de um lugar para morar. Mas, na época, eu não conhecia ninguém na cidade, só alguns parentes com os quais não pretendia dividir o mesmo teto, graças aos deuses minha mãe concordou comigo. Nos primeiros meses morei em uma pensão para estudantes, não era tão ruim como dizem, até me divertia. Então, comecei a fazer amizades na faculdade, modéstia a parte, conhecer pessoas é uma das minhas especialidades. Alguém me apresentava a outra pessoa, esta a outra e outra a outra, assim, nesse conhece e apresenta, eis que surge Mari em minha vida. Ela tinha acabado de alugar um apartamento em Pinheiros e pretendia morar sozinha mesmo, só que as contas estavam muito altas e seus pais pediram que procurasse alguém para rachar as despesas. A partir daí, começou nossa parceria bem sucedidade, já que dura até hoje. Quando recebi o convite, topei na hora! Vi em Mari o perfil de pessoa ideal para dividir apartamento comigo. Meio calada, nada caseira, inteligente, organizada e ao mesmo tempo desencanada, enfim... PERFEITA! Não enjoaria dela com facilidade, já que quase não fala, não tem problemas com organização - porque sou muito desorganizada - e o principal, não pára em casa. Quer coisa melhor?! Uma pessoa para dividir as contas que quase não usufrui dos seus direitos? Devo isso ao Luca, seu namorado, uma cara até gente fina, mas os pais dela nunca permitiriam que morassem juntos. Por isso, os dois ficam lindinhos, apaixonadinhos no cantinho dele... Lá... Em Moema! E eu fico bastante feliz aqui mesmo, onde estou. Bom... É mais ou menos isso. Não sei muito sobre a vida da Mari não! Sei que se formou em publicidade, trabalha como assistente de um fotógrafo renomado, é leonina - apesar de detestar notoriedade - prefere revista a jornal, é viciada em café, alisa os cabelos desde que se entende por gente, não gosta muito de intimidade, não é de balada e ama cinema europeu. É... Mais ou menos isso. Sei mais algumas peculiaridades de sua personalidade, nada que fosse me apresentado por ela... Descobri porque sou muita observadora, muito! Se dependesse dela eu saberia apenas seu nome, ou melhor, a abreviação deste. Gosto de pessoas assim, sabia?! Até prefiro. Sou muito esquisita no quesito relacionamentos, e por falar em esquisitisse, deixa eu telefonar para minha mãe.
- Oi mãe... – Já esperava alguma amenidade travestida de tragédia grega.
- Até que enfim você lembrou que sua mãe é viva, minha filha. Você não sabe o que aconteceu? – Não falei?!
- O quê, mãe? – Perguntei ascendendo um cigarro...
- Você continua fumando? – Ela escutou minha voz abafada por causa do cigarro preso aos lábios e o barulho do isqueiro logo em seguida.
- Fala, mãe... – cortei.
- Minha filha, lembra da sua prima Marli?! – Aiiii cabo! Dou um trago profundo.
- Sei... O que tem ela? – digo apagando o cigarro, estou enjoada...
- Assumiu para a mãe que gosta de mulher, minha filha. Tão bonitinha... – Posso com uma coisa dessas?
- Ih mãe, eu sempre soube. Mas, o que é que tem isso de tããããããooooo grave?
- Lourdes, tudo para você é normal, eu fico impressionada. Você sabia que a mãe dela, sua tia Neuma, é cardíaca? – Lá vem...
- Sabia mãe... A senhora acha que o fato da filha ser lésbica pode enfartar a tia Neuma? – estava começando a me irritar.
- Não fala essa palavra!
- Qual? Lésbica?
- Está bem Lourdes... Não dá para conversar com você mesmo!
- (silêncio)
- Você lembrou do aniversário da sua avó? Ao menos telefonou para ela? – para minha mãe eu ainda sou uma criança.
- Liguei mãe... Mãe, eu tenho que voltar ao trabalho, hoje o dia está corridíssimo. – uma mentira mais deslavada que a outra.
- Tudo bem, minha filha... Se cuida! Deus te abençoe.
- Amém, mãe. Um beijo... – finalmente desligo. (...)"
- Oi mãe... – Já esperava alguma amenidade travestida de tragédia grega.
- Até que enfim você lembrou que sua mãe é viva, minha filha. Você não sabe o que aconteceu? – Não falei?!
- O quê, mãe? – Perguntei ascendendo um cigarro...
- Você continua fumando? – Ela escutou minha voz abafada por causa do cigarro preso aos lábios e o barulho do isqueiro logo em seguida.
- Fala, mãe... – cortei.
- Minha filha, lembra da sua prima Marli?! – Aiiii cabo! Dou um trago profundo.
- Sei... O que tem ela? – digo apagando o cigarro, estou enjoada...
- Assumiu para a mãe que gosta de mulher, minha filha. Tão bonitinha... – Posso com uma coisa dessas?
- Ih mãe, eu sempre soube. Mas, o que é que tem isso de tããããããooooo grave?
- Lourdes, tudo para você é normal, eu fico impressionada. Você sabia que a mãe dela, sua tia Neuma, é cardíaca? – Lá vem...
- Sabia mãe... A senhora acha que o fato da filha ser lésbica pode enfartar a tia Neuma? – estava começando a me irritar.
- Não fala essa palavra!
- Qual? Lésbica?
- Está bem Lourdes... Não dá para conversar com você mesmo!
- (silêncio)
- Você lembrou do aniversário da sua avó? Ao menos telefonou para ela? – para minha mãe eu ainda sou uma criança.
- Liguei mãe... Mãe, eu tenho que voltar ao trabalho, hoje o dia está corridíssimo. – uma mentira mais deslavada que a outra.
- Tudo bem, minha filha... Se cuida! Deus te abençoe.
- Amém, mãe. Um beijo... – finalmente desligo. (...)"
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