segunda-feira, 2 de abril de 2007

1ª Parte - Impossível de esquecer, difícil de lembrar!




A crise continua! Aí vai o trecho de um dos contos de Malu, meu pseudônimo.



"Sempre sonhei em viver uma aventura romântica, nada melosa ou com finais felizes. Queria, pelo menos uma vez em minha vida, ser a Penny Lane do filme Quase Famosos. Me entregar de cabeça ao meu homem e sair por aí sem saber aonde estava indo. Só nós dois, com alguns coadjuvantes para incrementar o enredo. Quase consegui, digo quase porque o meu acompanhante não era nenhum rock star, pelo contrário, era um covarde que abrandava seu pânico com vodka durante toda a viagem. Vou narrar minha epopéia transviada, tive o cuidado de mudar os nomes dos personagem envolvidos para proteger suas identidades.

Estou apaixonada, cega, obcecada... Não consigo pensar em outra coisa, Diogo, Diogo e Diogo. Sei que sua paixão não tem o mesmo furor da minha, nem gostaria que tivesse. Nos conhecemos em uma festa, ele com a esposa, eu com uma dose de whisky. Trocamos alguns olhares, poucos, não sou muito de me insinuar, na verdade, nem queria. Estava bêbada, ele estava lindo, por cima, no controle da situação... Então, resolvi sair para fumar um cigarro, precisava de ar, estava tonta. Enquanto admirava a vista da cobertura, alguém parou ao meu lado e perguntou se eu tinha “fogo”. Nem olhei, abri a bolsa e ofereci o isqueiro, continuava presa aos meus devaneios. Gostaria de morar naquele triplex, era um belo lugar... A varanda onde eu estava se estendia por todos os ambientes do segundo andar daquele suntuoso apartamento, onde acontecia a festa. No terceiro andar, uma pista de dança montada em cima da piscina fervia ao som de um dj badalado, dava para ouvir os gritinhos frenéticos e as gargalhadas escandalosas dos convidados mais animados, em sua maioria, bichas, playboys, peruas e colunistas sociais, todos abastecidos com muito álcool e cocaína. As pessoas mais contidas preferiam ficar no lounge do segundo andar, onde eu estava. Dava para conversar, se você conhecesse alguém interessante, para dançar sossegado, se estivesse afim, ou simplesmente para se isolar do resto da festa, exatamente o que eu estava fazendo. Ainda bebia meu whisky e dava os últimos tragos em meu cigarro quando percebi que o tal indivíduo continuava ao meu lado. Falava alguma coisa, não dei importância e continuei sem nenhuma curiosidade a respeito daquele estranho.

- Você não fala muito, não é?! – Não com você.
- Ãhn? Desculpa... Eu não estava aqui. – Falei, indiferente...
- Percebi... Estou falando há horas. – Sério? Nem havia percebido.
- Ah, você gosta de falar sozinho? – Disse em tom sarcástico.
- Normalmente, não! – Ainda assim, tentava ser simpático.
- Então, vamos fazer o seguinte, arranja outra companhia que eu vou atrás da minha. – Mostro meu copo vazio.

Saio em direação ao bar, peço uma dose dupla de whisky com muito gelo, é assim que gosto de beber. Volto ao salão e me esbarro com o tal cara que não gosta de falar sozinho. Não tinha percebido, era a mesma pessoa que troquei olhares pouco antes de me isolar em meu universo paralelo.

- Mais calma? – Ai meu saco...
- Nunca estive nervosa... – Quero me livrar desse cara.
- Sério? Então seu marido deve sofrer muito. – Meu o quê?
- Não sofre, porque não tenho um. – Simples e objetiva.
- Ah, então seu namorado... – Aiiiiii...
- Também não. Querido, se você estiver colhendo informações sobre a minha vida amorosa com segundas intenções, caia fora! Percebi que está acompanhado... – Agora, deu?
- Ah, então você também prestou atenção em mim. – Diz com ar prepotente.
- Sim, até te comeria se você não fosse comprometido, homens casados são muito carentes. – Eu disse isso?
- Nossa! Como você é sincera. – Percebeu agora?
- A culpa é da bebida. – É verdade, estou bêbada.
- Não acho vulgar uma mulher dizer o que quer, alguns homens repugnam isso, eu não, na verdade, até admiro. – Fala como um psicanalista de quinta e é chato como tal.
- Ponto para você. – Olho as horas em meu relógio.
- Ponto para nós, não sou casado. – Bingo!
- Solteiro e pretensioso. – Quero ir embora...
- Mas, você não disse que pretendia me comer caso eu fosse solteiro. – Comeria, do verbo não quero mais.
- Sim, antes de falar com você. – Falo enquanto faço um raio-x da sua aparência.
- O encanto acabou? – Oh, meu príncipe. Você veio me salvar?
- Nunca existiu. – Quero ir embora...
- Posso te levar em casa... – Hummm...
- Agora! Estou morta! – É... Vou dar uma chance.(...)"



To be continued...

Nenhum comentário: